Educação e o processo de emancipação do homem.
Educação e o processo de
emancipação do homem.
Como ponto de partida para esta
reflexão sobre educação, quero tomar como base que “Educação diz respeito à
existência humana em toda a sua duração e em todos os seus aspectos” (VIEIRA
PINTO, 1987, p.29), dentro desta perspectiva, podemos afirmar que não há
possibilidade de haver qualquer forma de educação fora da própria existência
humana, do processo histórico de evolução e, por conseguinte, dos aspectos
inerentes as próprias relações humanas. Outro ponto fundamental nesta analise
está ligado diretamente às questões de ser o homem finito e ao mesmo tempo
inacabado, ambos constituem papeis cruciais para o entendimento e a análise do
que é educação e sua importância no processo de humanização.
Diferente dos demais animais que não
possuem racionalidade, que suas ações estão baseadas em seus instintos, reflexos
e que já nascem prontos, isto é, um animal não pode ser além daquilo que ele
nasceu para ser, por exemplo, um cachorro não pode querer ser um gato, ele
nasceu pronto como cachorro e será um cachorro a sua vida toda, mas o homem
não, ele pode evoluir e ser muito mais do que quando nascera. O início de tudo
está vinculado a questão incompletude do homem, que não nasce pronto do ponto
de vista intelectual, logo, através de um processo de desenvolvimento de sua
capacidade de raciocínio, nas relações sociais, como sujeito histórico e
cultural, e neste ponto é aí que a educação vai se encaixando, de forma não
formal e posteriormente de maneira formal na escolarização institucionalizada. É importante entender que a educação
está presente em toda a história humana e a possiblidade de ela existir, está
diretamente ligado ao fato de o homem entender sua capacidade de raciocínio e
de memorização, com isto, o homem passa a ter a compreensão do espaço tempo e
sua localização neste meio, podendo aperfeiçoar-se, evoluir e lutar pela sua
sobrevivência. Neste sentido é que afirmamos que o homem é um sujeito
histórico, responsável por seus atos, sua capacidade de refletir constitui
papel fundamental no processo de evolução do próprio homem como sujeito
histórico, como consequência, sendo também o homem um sujeito de relações
sociais, tudo está interligado ao processo de construção do ser humano e a
hominização.
Precisamos também entender que todo
este movimento histórico de hominização, deve conduzir o homem à sua própria evolução,
emancipação e autonomia, por outro lado, compreender que a educação está inserida num
contexto social e cultural, e que, a educação institucionalizada segue os
interesses da comunidade, seu modo social de vida, os interesses dos grupos
dominantes daquela determinada sociedade, que regem e ditam os rumos da
educação. Percebemos claramente aí uma contraposição a ideia de emancipação do
homem, para uma ideia de educação voltada aos interesses de quem está no
comando, para manter as ideias daquela determinada sociedade e a manutenção do
status quo.
Concluo fazendo uma analogia com a sociedade
atual, marcada por divisão de classes, em que a educação institucionalizada não
serve para a autonomia e emancipação do próprio homem, mas para a manutenção da
ordem social vigente. Tendo como ponto crucial que a educação se desenvolve
neste contexto e sofre influência direta do modelo econômico que a sociedade está
vinculada, com isso fica claro que os que ditam os rumos da educação “formal” é
quem está no comando hegemônico, e que atua em causa própria, restando aos
demais atores (nós) e os movimentos sociais, se organizar e buscar por alternativas
de emancipação e por novos horizontes, buscando a autonomia do sujeito
histórico.
WEIDE,
Darlan. EDUCAÇÃO E O PROCESSO DE HOMINIZAÇÃO (CIDANANIA)
WEIDE,
Darlan. Quefazer pedagógico em acampamentos de reforma agrária do RS. Santa
Maria: UFSM, 1998. (p.20-24).
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